Vox Populi: Dilma soma 51% das intenções de voto; Serra tem 39%

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Do Portal Terra

A candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, aparece na liderança da corrida presidencial com 12 pontos percentuais de diferença para seu principal adversário, José Serra (PSDB), segundo pesquisa Vox Populi divulgada nesta terça-feira (19). A petista tem 51% das intenções de voto contra 39% de Serra.

Na última pesquisa Vox Populi, realizada nos dias 10 e 11, a petista aparecia com 48% das intenções de voto contra 40% de Serra.
No novo levantamento, os votos brancos e nulos somam 6%, enquanto 4% não souberam ou não opinaram. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual.

 Considerando apenas os votos válidos - excluindo os votos brancos, nulos e indecisos -, Dilma soma 57% das intenções e Serra, 43%.

Encomendada pelo Internet Group do Brasil S.A., a pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 17 de outubro, com 3000 entrevistados em todo País, e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 14 de outubro de 2010, sob o número 36193/2010.

A Guerra quente e o muro (verde) de Berlim

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Em anos de militância política fui lembrada em importantes decisões da célebre citação de Weber: “Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte”. Apesar de não me referenciar na prática política em Weber, considero esta, uma de suas grandes contribuições para minha vida.

Um militante em momento político de decisão, jamais pode permanecer neutro. Isso significa dizer que, neutralidade política não existe. Sem mais delongas, vamos ao que realmente me faz agora lembrar da neutralidade, de Weber e do mais forte.

Há duas semanas da eleição, me assusta o fato de o PV, Partido Verde, através de sua candidata a presidência Marina Silva, derrotada no primeiro turno, declarar neutralidade no segundo.
Oras, de nada vale belas linhas que dirigem-nos a compreensão de que o Projeto do PT , agora representado por Dilma, é o melhor para o país como o documento redigido pelo PV deixa entender. De nada representa um histórico de militância que me inspirou por muitos anos no PT como é o de Marina. De nada vale, saudosa Marina! esse seu discurso pseudo-verde.

Decisões precisam ser tomadas e ditas, precisam estar claras. Definir-se pela neutralidade é dar luz ao mais forte, e neste caso, o mais forte não é a candidata que tem mais apelo popular, ou a mais preparada. A mais forte não é Dilma apesar de ter feito maioria dos votos no primeiro turno.

Forte é quem está ao lado dos fortes. Poucos mais, fortes. Fortes financeiramente. Fortes porque, ainda mandam e desmandam na mídia. Fortes porque, se rebaixam aos artifícios do uso da religião em pleito eleitoral. Fortes porque simplesmente são os verdadeiros representantes da burguesia e nela encontram as forças que, até o momento fizeram destas eleições uma guerra quente.

Cá pra nós, O PV e Marina Silva, definiram por José Serra!

O Brasil que possui a maior das forças, a força do poder popular, definirá por Dilma!

E continuaremos mudando. Nadando contra a corrente do capitalismo, na construção uma sociedade cada vez mais democrática em busca do socialismo.

E o Serra que tenta pagar de bom moço, fazendo discursinho barato a favor das estatizações disse em off no encontro do PV: “Marina, eu vou reconstruir o muro de Berlim pra você ficar encima. E vai ser empreendimento estatal”, complementa Serra


Bronca

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pensei em escrever o que sinto, mas achei raiva uma palavra esquisita. Parecia muito com chilique, com um sentimento feminino demais, menos forte do que queria usar. Lembrei então da minha paixão por futebol e pensei na palavra “bronca”. A bronca das torcidas, das “barras bravas”.

No Brasil, hoje, sabemos quem são os inimigos, o que fazem, como se conduzem, o que querem. São uns poucos que, desde sempre, mantêm seus privilégios e subjugam os pobres por interposita persona, utilizando a classe média (tão oscilante, lembram?) como tampão. Enganos, religião, ópio, moralismo, aborto, qualquer coisa serve para lançar a classe média contra os pobres, afastando-a do inimigo comum da humanidade, os detentores dos meios de produção, da riqueza sem sentido, os donos do sistema irracional.

E nós, os militantes esclarecidos, como nos colocamos diante disso? Lamentavelmente, muitos de nós, em momentos de crise, assume as características de classe média que tanto combatemos. “Eu primeiro”, “o que será de mim”, “estou cansado”, “estou ofendido”, “me sinto traído”, “quero ser mais rico”, “desfrutar mais”, “viver melhor”.

Há dois meses, tínhamos um panorama de eleições muito favorável. Mas acreditamos em pesquisas de organismos que não controlamos, mas que são controlados por alguém. Houve salto alto e desleixo, é verdade. E muitos de nós votaram errado, sem dar importância à contradição principal.

Tenho bronca dos que, por motivos pessoais, fazem retroceder a roda da história. Falo, é claro, dos amigos.

Tenho bronca dos que preferiram “dar uma lição no PT, no primeiro turno”.

Tenho bronca dos neoambientalistas, que votam verde pelos animais e plantas, e deixam nossos irmãos pobres na miséria por mais tempo, como se não fizessem parte de nosso habitat.

Tenho bronca dos que acham que as eleições são o instante de demonstrar seu desgosto pessoal com algumas coisas pequenas e mandar mensagens pessoais aos governantes, e não a oportunidade de fortalecer o que está sendo feito por todos os brasileiros.

Tenho bronca dos que acham que o Bolsa-Família é paternalista. Nunca passaram fome, ou pelo menos nunca tiveram que dizer aos filhos que hoje não tem jantar.

Tenho bronca dos que acham que “quanto pior, melhor”, desde que o pior seja para os pobres, e não para
eles.

Tenho bronca dos que caíram na armadilha eleitoral, dividindo esforços entre candidatos municipais e estaduais, que só cuidam do nosso bem-estar, e desatenderam o nível federal, onde realmente se decidem os rumos e as políticas públicas que tirarão ou não o nosso povo da miséria.

Tenho bronca dos que se arriscam a um governo do PSDB por quatro ou oito anos porque foram “enganados” pelo Lula. Passam-se por vítimas, quando na verdade não souberam fazer, em sua oportunidade, uma análise mais correta da realidade. Lula nunca prometeu tanto a mais do que tentou fazer e do que fez. Ele nunca participou da nossa utopia. Mas esteve próximo, e sua trajetória foi vantajosa para todos. Se ficou aquém de nossos sonhos, certamente realizou mais que nenhum antes dele no cargo, tirando a milhões da miséria, dando água, luz, comida, emprego e dinheiro aos pobres.

Tenho bronca dos que acham que não era nossa obrigação assegurar a permanência dessa política, dando apoio total ao governo federal e a seus candidatos (alguns difíceis de engolir, é verdade, mas essa sensação também faz parte de nossas origens pequeno-burguesas...)

Tenho bronca dos que puseram em risco a continuação do projeto de Brasil que tínhamos até então. E na eventual derrota de Dilma (ou não se deram conta que no segundo turno tudo se compra e tudo se vende para ganhar?), terei bronca dos amigos que se lamuriarão, como se não fosse com eles, como se a derrota fosse algo que aconteceu, e não algo que deixamos acontecer.

Tenho bronca dos que não conseguem se mexer, dos desanimados, dos estáticos, dos que deixam a ideologia da classe média vencer as discussões nos ônibus e nas padarias.

Tenho bronca dos que, como eu, às vezes gastam mais tempo escrevendo aos amigos do que falando com desconhecidos.

Entre amigos não aumentaremos o número de votos necessários para ganhar o segundo turno. Só com trabalho externo, convencendo aos indecisos, ganhando votos novos.

Imagino que todos os meus amigos que queriam dar uma lição a alguém (e votaram no Plínio, na Marina, em branco, nulo) agora vão recapacitar e votar no fortalecimento das mínimas conquistas que obtivemos nesses oito anos, pois podemos perder tudo em um novo governo neoliberal. Mas e os votos que perdemos com sua indecisão anterior, com sua falta de trabalho no primeiro turno, com as pessoas que não convenceram porque também não estavam convencidos, ou estavam zangados, ou furiosos com alguma questão menor?

Tenho bronca dos que, nas eleições, colocam o pessoal acima do coletivo.

Teremos nesses poucos dias chance de reverter essa situação?

Sou pessimista quanto a isso, mas não espalho por aí. Convenço (ou tento convencer) aos jovens, aos idosos que ainda votam, às pessoas que me rodeiam. Dói muito ver a chance de melhoria de tantos dar com os burros n’água pelo egoísmo de uns poucos. Mas dói muito mais quando alguns desses poucos são amigos meus.

Tenho bronca de mim mesmo, por não ter feito mais.

E se acontecer o pior, a responsabilidade será nossa.